Toy Boy – 2019 – Netflix – 1ª temporada - série espanhola que distrai, nada além disso. Chega a ser enfadonha em alguns momentos, além de uma história enrolada e personagem masculino principal, fraco. A história gira em torno de um stripper acusado pelo assassinato do marido da suposta amante. Dramas familiares, poder e dinheiro assumem a trilogia perfeita para o enredo. Questões comuns dentro das séries. Aliás, mesmo Toy Boy não tendo uma grande história, bombou nas redes nos últimos dias, mostrando o poder da mídia em persuadir um telespectador. Um elogia e comenta e é visto por muitos que espalham – internet e sua janela aberta. Vírus exponencial. Sem contar que o stripper é gato e faz parte de um grupo de strippers, lembrando um “clube das mulheres” brasileiro. Vale a pena o show de sensualidade.
Porém, algo me chamou muito a atenção: uma mulher alta, magra, na casa dos quarenta, com postura correta, milionária, elegante, fina, empoderada e bonita. Com um guarda-roupa que senti muita inveja. Com uma sensualidade que me fez arrepiar. Com atitudes dignas de uma mulher que assume o que faz e o que quer. Prazer, Macarena Medina.
A atriz Cristina Castanõ dá vida à vilã (será?) Macarena, amante do stripper, esposa do assassinado, mãe de um jovem deturpado, irmã mais velha de uma família rica e poderosa de uma cidade espanhola, empresária de sucesso e sedenta por prazer e poder. Controla a vida de seus dois irmãos, fazendo-os capachos dos seus caprichos. Sempre pensando adiantado, prevendo decisões, manipulando tudo e todos. O mundo a seus pés, é o que ela imagina ter.
Dona de um apetite sexual voraz, sua participação começa numa festa de orgia sexual, cenas sensuais e de bom gosto. Aliás, Macarena é o bom gosto em pessoa. Vinhos e drogas não os citarei, porque acho desnecessário. Macarena escolhe, paga e se realiza. Prazer e dinheiro andam de mãos dadas em sua filosofia.
No entanto, com o desenrolar da história enrolada, o personagem de Macarena começa a sentir que o poder e o pseudo controle da sua vida podem traí-la. O que ela acredita ser pilar na sua história começa a desmoronar. Seu domínio falha. É obrigada a aceitar as consequências e as desavenças da vida. E permanece ereta, com seu poder pessoal segurando-a, seu orgulho a carrega – ela é Macarena Medina.
Trago esse enredo para nossa vida real, onde tentamos controlar coisas e pessoas, tentamos prever e assegurar o futuro, brigamos com nossos instintos primitivos como ressalva à nossa sobrevivência. Tudo em vão, não temos poder sobre nada nem sobre ninguém. Somos meros espectadores da nossa vida, cabendo a nós apenas dignidade e resiliência frente às decepções que a vida nos reserva. O que realmente nos salva é nosso poder pessoal, nosso autoconhecimento e nossa humildade. Engraçado como a distração proposta pela arte nos leva a questionamentos profundos do nosso ser. Comece a assistir séries com outros olhos, elas são ricas psicanaliticamente falando. Te interessou? Assista. Lembre-se de que estamos em quarentena e séries são boas alternativas.
A propósito, te desejo, Macarena Medina.