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Publicado em 25/04/2016

Abandonar o acompanhamento pediátrico pode comprometer a saúde das crianças

Para muitos pais é normal levar seguidamente seus filhos ao pediatra, principalmente nos primeiros anos de vida. Depois, conforme a criança cresce, as consultas são mais espaçadas e, em alguns casos, o retorno ocorre apenas quando necessário, muitas vezes, quando aparecem sintomas visíveis. E não é raro também o abandono das consultas. Esta é a síntese apontada pelo médico Sylvio Renan Monteiro de Barros, pediatra com mais de 30 anos de atuação em hospitais públicos, privados e em sua clínica, a MBA Pediatria
 
“A pediatria parte do princípio de que o corpo da criança é inconcluso, que está em pleno desenvolvimento e em crescimento. Levar os pequenos ou os adolescentes ao pediatra é uma atitude preventiva que, antes de pensar em crianças doentes, deve-se pensar em crianças saudáveis e na manutenção de sua saúde”, esclarece Sylvio Renan.
 
Com o intuito de não comprometer a saúde, a recomendação é que o acompanhamento por um pediatra seja feito a partir do nascimento e até mesmo por volta dos 21 anos de idade. As consultas devem ser mensais durante o primeiro ano, trimestrais, durante o segundo ano, semestrais, dos 3 aos 7 anos, e anuais até os 21 anos, fase final do crescimento.
 
Visto como exagero por muitos, a cada ano a área pediátrica vê aumentar o caso de pais que abrem mão das consultas periódicas e retornam aos consultórios quando seus filhos não apresentam uma boa saúde e são diagnosticados com doenças que poderiam ser evitadas ou tratadas a tempo, caso tivessem acompanhamento regular. 
 
Para o pediatra Sylvio Renan, da clínica MBA Pediatria, algumas das doenças diagnosticadas tardiamente, muito em virtude do afastamento do consultório pediátrico, são o diabetes, as doenças de tireoide, doenças endócrinas, e até a Doença Renal Crônica (DRC). “Quando diagnosticadas precocemente, essas doenças podem ser bem controladas antes que ocorram sequelas importantes. E é nas consultas que podemos trabalhar na prevenção, como é o caso das vacinas, que têm indicação para cada fase da vida”, relata o pediatra.
 
O pediatra revelou que a maioria dos pais realiza o acompanhamento regular dos filhos nos primeiros anos de vida. A partir dos 4 anos, a tendência é ocorrer um espaçamento nas consultas, seja por esquecimento ou por falta de conhecimento da necessidade das visitas. 
 
Outra importante função da consulta ao pediatra é a capacidade que o médico tem em olhar aspectos afetivos e comportamentais, que geralmente afetam a saúde da criança. Caso da obesidade infantil, decorrente de maus hábitos alimentares. “Muitas vezes, quando os pais retornam ao pediatra, é constatado que o peso está fora do estabelecido para a idade e estatura dos filhos. Do mesmo modo, os problemas de crescimento, que não são comportamentais, mas podem ser prevenidos com as visitas regulares”, esclarece Sylvio Renan.
 
Acompanhar o desenvolvimento dos adolescentes também é de extrema importância. Nesta fase ocorre o crescimento físico exponencial e as alterações psicológicas, que devem ser monitoradas para garantir que se torne um adulto forte, saudável e capaz. Para os meninos, é indicado consulta anual e, em casos pontuais, como quando há comprometimento do sistema reprodutor, será encaminhado para um especialista. Para as meninas, além das visitas anuais ao pediatra, é necessário procurar um ginecologista, que informará a periodicidade das consultas”, explica o pediatra. 


VACINAS


Para a prevenção de inúmeras doenças a vacinação é fundamental, sobretudo na infância e na adolescência. A coqueluche, doença infecciosa aguda, transmitida pelas vias respiratórias e que compromete o aparelho respiratório, teve um grande aumento no número de casos nos últimos anos. Segundo alguns especialistas, muito em virtude do abandono da vacinação em crianças e adolescentes. 

No mesmo rol das vacinas também está o HPV, vírus que atinge a pele e as mucosas e que pode causar verrugas ou lesões percursoras de câncer. A prevenção do HPV e do câncer do colo do útero inicia-se com uma vacina própria para as meninas, já a partir dos 11 anos de idade. 
 
“Infelizmente, há muito tabu e falta de conhecimento no que diz respeito às vacinas. O medo tem afastados os pais – e seus filhos – da imunização. Este é um fenômeno mundial, quase sempre baseado em falsas informações, e que prejudicam negativamente a proteção de crianças e adultos contra moléstias infecciosas”, diz o pediatra, que é o autor do livro Pediatria Hoje, em que discorre seu olhar cuidadoso e sensato sobre as atualizações da medicina, sobretudo na pediatria, com foco nos pais, cuidadores, educadores e profissionais de saúde.


PREVENÇÃO


De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), existe uma tendência de as crianças nascidas atualmente viverem até os 120 anos de idade. Para Sylvio Renan isso aumenta a responsabilidade da pediatria em proporcionar uma vida mais saudável, com orientações de dietas, atividades e atitudes que proporcionarão às crianças de hoje um crescimento mais saudável, como base de um alicerce que permitirá não só a longevidade, mas ter qualidade de vida no futuro.  
 
Doenças que podem ser prevenidas com a vacinação 
  • Meningites;
  • Poliomielite;
  • Rotavirose;
  • Caxumba;
  • Sarampo;
  • Catapora;
  • Coqueluche; 
  • Hepatites;
  • HPV;
  • Rubéola;
  • Febre Amarela; 

Fonte para entrevista: 
 
Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros – CRM SP-24699
Autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas - Do nascimento aos 12 meses" e do livro “Pediatria Hoje”|Formado pela Faculdade de Medicina do ABC | Especializações e títulos pela Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric Service da University of California - Los Angeles (Ucla) | Atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos.
 
MBA Pediatria na web
 
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