Cinema nas férias de julho é diversão na certa. Tem pra todos os gostos, infantis. Optei pelo filme da Turma da Mônica e foi escolha certa. Cresci com os gibis e os desenhos dessa realidade fictícia tão agradável, com famílias dorianas tão dóceis, cada uma com suas particularidades. Dona Cebola e sua dedicação como mãe. Magali com a mãe mais gata que já vi e uma geladeira de dar inveja. Mônica criada com muito carinho e Cascão com sua familinha. Uma turminha unida pela infância, pela rua, pela amizade e pelo pertencimento um ao outro.
Mônica, com seu gênio forte e seu coelhinho Sansão é a “dona da lua”, segundo Cebolinha, que por sua vez, é um mini gênio com seus planos mirabolantes para infernizar a Mônica. Magali, melhor amiga da menina, é aquela personagem que sonho em ser: comilona e magra. Parceira pra todas as horas. Cascão e seu medo de água, parceiro inseparável do Cebolinha – cúmplice nos planos “milabolantes”. E tem também Floquinho, o cãozinho verde do Cebolinha. E tem Rodrigo Santoro, hilário num papel de louco.
Olhando de fora, duas meninas e dois meninos, cujos personagens principais já se preparam para viver um amor, mas como todo amor começa na amizade... estão na infância do relacionamento. Bonitinho ver nós e coelhadas para justificar o querer estar junto, o ser aceito. Começamos desde pequenos a manipulação para sermos aceitos, até bonito de se ver. Cascão e Magali, coadjuvantes da turma, vivem as aventuras desse romance – juntos os quatro se divertem, na inocência. Crescem juntos e felizes, aprendem com os percalços de todo relacionamento - que bom que na infância os percalços são amenizados por ficar de mal e se reconciliar na mesma velocidade e tudo acaba em brincadeira.
Quando crescemos, nossa turma de amigos mais do que nos divertem – por vezes é a nossa família, são nosso porto seguro e nosso divã. Amigos são pedacinhos de Deus em forma humana, pessoas que atraímos em algum momento da vida e que passam a fazer parte da nossa história. O tempo muitas vezes nos afasta, até porque as tribos vão se alterando e, ninguém é obrigado a seguir nossos passos. Aliás, esse é o ponto x da amizade – ser aceito incondicionalmente. Amigos de verdade não questionam nossas decisões, apenas nos amparam quando as decisões nos trazem decepções e comemoram conosco quando as decisões são certeiras. Quem tem amigos nunca está sozinho e soube socializar sua solidão – juntos são mais felizes do que separados. E é essa mensagem que faz a turma da Mônica sobreviver por tantos anos, em meio a tantos games, e unir gerações pelo amor ao gibi – diversão escrita. Bato palmas aos pais que incentivam o gibi na vida dos filhos, resistir ou conciliar com o mundo virtual virou façanha.
Enfim, cinema é vida – se em gibi já é bom, ver a turma no real é muito gostoso. Trazer os personagens para corpos humanos e situações cotidianas foi uma grande sacada do diretor. Leve sua criança interior passear e se divertir, cinema é vida. Arte é vida.
Turma da Mônica – Laços. 2019. Nos cinemas. Direção de Daniel Rezende.